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Mostrando postagens de 2016

Movendo

Eu tô com um negócio me pinicando pra eu escrever faz meses. E eu adiando. Resolvi que vou escrever quando vier, até sobre a folha que cai. É mais do mesmo, mas é meu e é melhor que o nada desconfortável que eu tenho feito. Primeira vez que fui na Receita Federal, eu na verdade não fui. Era meio caminho para casa e eu precisava de um CPF, tinha 13 anos, por burocracias relativas ao inventário de meu pai.  Digo que não fui porque não tinha acesso para cadeira de rodas, um prédio amarelo no Comércio, com uma enorme escadaria na porta. Minha mãe, minha representante à época, entrou lá e não me lembro bem, acho que arrumou outro lugar para fazer o que era preciso. Corta o tempo para 2011 para cá. Eu sou meio que pau para toda obra no que diz respeito a assuntos familiares e eis que eu costumo ir muito na Receita Federal, resolver os famosos pepinos. Não sou nenhuma tributarista, aviso. Mas tenho um talento em resolver problemas, sabe como é, uma vida inteira de ter que pensar

O que eu senti assistindo Procurando Dory

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Primeiro de tudo eu preciso dizer que CONTÉM SPOILER. Ou eu me preocupo com não contar o filme ou com escrever sobre, desculpem.  Como o título já sugere, esse post não tem uma intenção de estar certo, mas sim, de passar meu sentimento, como mulher com deficiência, sobre o que eu vi na mais nova animação da Pixar, "Procurando Dory". Talvez eu não tivesse consciência da vontade que eu tinha de ver deficiência representada em filmes de criança quando eu era uma. Mas depois que a gente cresce e vai aprendendo a importância de coisas como representatividade, a gente passa a desejar fortemente que o tema seja tratado e para que seja da melhor forma possível.  E Procurando Dory tratou bem. Claro que me incomoda o fato de que não são pessoas e sim peixes retratados com deficiência no filme, mas se foi preciso isso para tratarem do tema sem os clichês convencionais, então vamos lá, damos crédito, falemos de coisa boa. Desde Procurando Nemo eu fiquei felizona de ver que Nemo

Menos "a gente carrega" por favor

Aconteceu algo comigo hoje que sempre acontece, mas com uma especificidade que certamente me marcará para sempre.  Minha professora cogitou a possibilidade de irmos para uma palestra que seria lá mesmo no FFCH, em São Lázaro, no lugar da aula. Confirmou com os alunos sobre o interesse, maioria concordou, eu inclusive.  Acontece que mudaram o local, que estava reservado para ser em uma sala, no térreo, para outra que subiria 2 lances de escada.  A professora, então, conversou com a turma e juntos concordaram que seria melhor manter a aula, já que aquela decisão de mudar para um local inacessível era completamente descabida, estariam cerceando meu direito de assistir à palestra. Quando eu cheguei, atrasada, ela já tinha conversado com a turma e me informou do acontecido.  O desfecho, afinal, havia sido o mesmo. A palestra ocorreu e eu não fui, fomos todos para aula normal. Foi mais uma palestra/evento em que eu não pude ir na minha vida. Mas dessa vez, algo foi diferente (não
Esse post não tem a intenção de convencer ninguém nem de trazer nenhuma lição de vida. Aliás, deus me livre, eu pretendo com ele justamente refletir sobre, inclusive, essa nova doença que nos aflige que é: "Venha para luz, perceba como estou certo." Eu tenho sentido ultimamente que não podemos gostar de nada sem lançar mão de um discurso sobre "perceba como o que eu acho é melhor". Eu me incluo nessa e por isso, ressalto, esse post não serve para nada além disso, me ajudar a refletir. Eu sempre escrevi para organizar ideias, clarea-las, coloca-las em uma perspectiva diferente. Só que atualmente, andamos escrevendo demais, postando demais, demonstrando demais. Refletindo de menos. Por um lado, é excelente, você consegue mostrar para o outro perspectivas que ele não veria sozinho. Por outro, a gente não pode pisar na bola nas reflexões. Quantas vezes eu já escrevi e apaguei posts inteiros, que eu tava precisando colocar para fora, pelo medo de que minha reflexã

Srta. Celofane

Os últimos dias tem sido agradavelmente agitados. Tenho sido produtiva não só com coisas para mim, mas também ajudando os outros. Esse carnaval encostado em janeiro me fez ter que correr, mas não de uma forma ruim. Meu estágio como mediadora, meu trabalho como psicoterapeuta, minhas aulas como aluna de psicologia e um programa de extensão sobre acessibilidade fluindo como esperado. Fora umas bobagens pendentes. Uma das pendências foi meu passaporte, vencido há meses. Reúno documentos, pago GRU, agendo tudo. Para mim e para minha mãe. Eis que chega o dia e logo na entrada, na hora da recepcionista do SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão) checar meus  documentos para me mandar pro posto da Polícia Federal, eu tomo uma daquelas tijoladas disfarçadas de micro ofensa. Eu em frente ao balcão, passei os documentos para ela, que olha para minha mãe e pergunta, apontando para mim: -Quantos anos ela tem? Acho difícil alguém não entender o quanto eu me senti ofendida aí, invisível, transpa