Feito Mato
É como se daqui da janela eu observasse o terreno vazio que encosta na minha casa. Ainda que de minha propriedade, não consigo chegar lá com facilidade. Daqui, dá para ver bem o que floresce nele. Plantas vão aparecendo, algumas encostadas no muro frio e e esverdeado. Já outras se jogam dia a dia em direção ao sol, no canto oposto. Ali pelo meio, flores nascem tão perto uma da outra, amarelas e pequenas que podem facilmente ser confundidas com uma coisa só. Mais para frente, de uma planta feia desajeitada despenca uma flor roxa estonteante: ela sabe que é e por isso se mostra. Dá para ver também que algumas plantas estão encobertas por outras maiores. Vez ou outra, a depender do vento, sente-se um cheiro misturado de muitas coisas, como se uma cozinheira invisível flutuasse catando especiarias para sua nova receita arrebetadora. Eu não faço nada para que elas floresçam. Passo muito tempo caçando um jeito de chegar lá e ajeitar o terreno aqui e ali para que produza de fato algo q